Esterilizantes Químicos
Esterilizantes Químicos

 

Entre os agentes químicos esterilizantes estão os aldeídos (glutaraldeído e formaldeído) e o óxido de etileno. Este último não está disponível nesta Faculdade.

GLUTARALDEÍDO

É um dialdeído, que pode se apresentar pronto para o uso. Em pH ácido, necessita ativação pelo bicarbonato de sódio, para exibir atividade esterilizante. O glutaraldeído ativado sofre polimerização em pH alcalino, inativando-se após 14 dias, quando seu pH for 8,5, ou após 28 dias, em pH 7,5.

Classificação

Esterilizante (8 a 10 horas) Desinfetante de alto nível (30 minutos)

Indicações

Esterilização de artigos críticos e semi-críticos termo-sensíveis; desinfecção de alto nível e descontaminação.

Vantagens

  • Penetra no sangue, pus e restos orgânicos. 
  • Não ataca material de borracha ou plástico. 
  • Pode ser corrosivo.

Desvantagens

  • Apresenta toxicidade cutânea, celular e inalatória. Libera vapores tóxicos, razão para se evitar o processamento de materiais em salas mal ventiladas, em recipientes sem tampa ou com vazamentos. Aconselha-se o uso de máscaras com camada de carvão ativado para diminuir o efeito tóxico, quando em manipulação freqüente. 
  • É alergênico. 
  • Não pode ser utilizado em superfícies. 
  • Sua atividade corrosiva aumenta com a diluição. 
  • Seu tempo de reutilização varia com a biocarga. 
  • Pode ser retido por materiais porosos, daí exigir enxagüe rigoroso, para evitar seus resíduos tóxicos.

Obs.: Apesar do formaldeído ser também um agente esterilizante, seus vapores irritantes, odor desagradável e comprovado potencial carcinogênico, não o recomendam, devendo, portanto, ser evitado.

6.3 - ETAPAS DA ESTERILIZAÇÃO QUÍMICA

  • Preparar o material deixando-o limpo e seco. 
  • Utilizar a solução de glutaraldeído em recipientes de plástico ou vidro, sempre tampados. Quando utilizar caixa metálica, proteger o fundo com compressa, evitando o contato com os artigos, a fim de evitar corrosão eletrolítica. 
  • Imergir totalmente os artigos na solução, deixando-os abertos, se articulados. 
  • Controlar o tempo de exposição. 
  • Enxaguar os artigos com água ou solução fisiológica estéreis, respeitando a técnica asséptica. Enxugar com panos esterilizados. 
  • Utilizar o material de imediato.

6.4 - DESVANTAGENS DA ESTERILIZAÇÃO QUÍMICA

  • O material não pode permanecer estéril, uma vez que é esterilizado não embalado. 
  • Não existe teste biológico para comprovar a esterilidade.

6.5 - DESINFETANTES DE NÍVEL INTERMEDIÁRIO

Os desinfetantes de nível intermediário utilizados na Faculdade de Odontologia de Bauru são o hipoclorito de sódio a 1%, os fenóis sintéticos e o álcool 77% (v/v) ou 70% (p/v).

HIPOCLORITO DE SÓDIO A 1% ESTABILIZADO COM CLORETO DE SÓDIO

Indicações

Desinfecção de instrumentos semi-críticos, superfícies, moldes, roupas e água.

Vantagens

  • Rápida ação antimicrobiana. 
  • Amplo espectro. 
  • Econômico. 
  • Efetivo em soluções diluídas.

Desvantagens

  • Esporicida, apenas em altas concentrações (5,25%). 
  • Não pode ser reutilizado. 
  • Deve ser preparado diariamente. 
  • Atividade diminuída pela presença de matéria orgânica. A perda de cloro devido a matéria orgânica pode ser significante, quando são empregadas mínimas quantidades de cloro. Maiores níveis de cloro, porém, tendem a produzir reserva de segurança para exercer a ação bactericida desejada. 
  • Odor desagradável persistente. 
  • Irritante para a pele e olhos. 
  • Corrói metais e estraga tecidos. 
  • Ataca plásticos e borrachas.

Diluições do hipoclorito de sódio

  • 1% - 10.000 ppm 
  • 0,5% - 5.000 ppm (partes iguais da solução a 1% e água) 
  • 0,05% - 500 ppm (1 parte da solução a 1% + 19 partes de água)

Aplicações das diluições

  • Superfícies fixas - 0,5 a 1% 
  • Artigos - 0,5 a 1% 
  • Moldes e Próteses - 0,5 a 1% 
  • Água do sistema "flush" - 0,05%

Cuidados com a solução

  • Para a desinfecção utilizar apenas recipientes de plástico ou vidro. 
  • A solução deve ser preparada diariamente. 
  • Armazenagem em ambiente fresco, ao abrigo da luz, em embalagens escuras e bem vedadas.

Obs.-O Ministério da Saúde contra-indica o uso da água sanitária para a desinfecção de materiais, pois sua concentração NÃO atende às diversas exigências de formulação para os desinfetantes hospitalares (SSSP/1993).

FENÓIS SINTÉTICOS

Indicações 

  • Descontaminação. 
  • Desinfecção de instrumentos semi-críticos e superfícies. 
  • Limpeza e desinfecção de paredes, pisos, superfícies fixas, em locais de alto risco.

Vantagens

  • Desinfetantes em imersão e em superfícies. 
  • Úteis em metais, vidros, borrachas e plásticos (ver: Cuidados). 
  • Menos tóxicos e corrosivos que o glutaraldeido.

Desvantagens

Preparo diário. Podem atacar vidros e plástico com a exposição prolongada. Irritantes para a pele e para os olhos.

Cuidados

  • Usar luvas para evitar o contato com a pele. 
  • Em caso de contato com a pele, lavar abundantemente com água e sabão. 
  • Em caso de contato com os olhos, lavar abundantemente com água e encaminhar ao médico. 
  • Os fenóis não são recomendados para artigos semi-críticos (látex, acrílico e borracha), devido ao seu efeito residual que impregna nos poros dos materiais, podendo causar irritação de mucosa e tecido, se não sofrerem um enxágüe adequado. Não são recomendados para artigos que entram em contato com alimentos nem para berçários devido à sua toxicidade.

Obs.- Quando utilizados na desinfecção de superfícies, por não serem voláteis, os fenóis sintéticos se depositam, devendo ser removidos com pano úmido, pois, ao reagir com a umidade, passam a exercer ação antimicrobiana residual.

ÁLCOOL 77% V/V OU 70% P/V

Indicações

  • Desinfecção de artigos e superfícies. 

    O álcool evapora rapidamente, assim sendo, os materiais devem ser friccionados na superfície, operação que deve ser repetida até completar o tempo de ação. Friccionar, deixar secar sozinho e repetir três vezes a aplicação, até completar o tempo de exposição de 10 minutos (MS/1994). Não é aconselhável imergir os materiais no álcool, devido à sua evaporação.

Vantagens

  • Rapidamente bactericida. 
  • Tuberculocida e viruscida para vírus lipofílico. 
  • Econômico. 
  • Ligeiramente irritante.

Desvantagens

  • Não é esporicida. 
  • Atividade diminuída em presença de biocarga. 
  • Atividade diminuída quando em concentração inferior a 60%. 
  • Ataca plásticos e borrachas. 
  • Evapora rapidamente das superfícies. 
  • É altamente inflamável.

Preparo

O preparo do álcool 77% (v/v) será feito na Disciplina de Microbiologia. Entregar 1 litro de álcool comercial na sala de esterilização nas segundas e terças-feiras pela manhã e retirar nas sextas-feiras pela manhã, com o sr. Osni.

Obs.: É fundamental observar a concentração do álcool. A presença da água favorece a penetração do álcool nos microrganismos e contribui para sua menor evaporação.

7. DESINFECÇÕES

Ao empregar os agentes desinfetantes, utilizar os Equipamentos de Proteção Individual.

7.1 - DESCONTAMINAÇÃO DE INSTRUMENTOS

Imergir o material contaminado na solução, por 30 minutos.

7.2 - DESINFECÇÃO DE INSTRUMENTOS

Para os instrumentos semi-críticos - somente o glutaraldeido pode fazer a desinfecção de alto nível. Para os instrumentos não críticos - desinfetantes de nível intermediário.

Imergir o material limpo e seco na solução, por 30 minutos, obedecendo os detalhes apresentados na esterilização química. Depois de desinfetados, os instrumentos devem ser retirados da solução e abundantemente enxaguados para eliminação completa dos resíduos do desinfetante.

7.3 - DESINFECÇÃO DE SUPERFÍCIES

Empregar desinfetantes de nível intermediário, uma vez que o trabalho odontológico envolve a produção de aerossóis capazes de atingir distâncias de 1,5 a 2 metros.

Verificar se há incompatibilidade entre o detergente usado e o desinfetante.

Nunca deixar o desinfetante em contato com a superfície a ser descontaminada por um período menor que o indicado.

  • Quando se emprega agente químico que contenha detergente, deve-se: - limpar a superfície com o produto, para retirar a sujidade, utilizando inclusive ação mecânica; - passar novamente o produto, deixando-o em contato com a superfície por 10 minutos.
  • Quando se usa agente químico que não contenha detergente, deve-se: - limpar a superfície com água e sabão ou detergente, para retirar a sujidade; - enxaguar, para eliminar completamente os resíduos do sabão ou detergente; - passar o desinfetante, deixando-o em contato com a superfície por 10 minutos.
  • Quando se faz desinfecção de áreas contaminadas - contaminação localizada (com presença de sangue, excreções ou secreções), deve-se: - colocar luva de borracha; - aplicar hipoclorito de sódio a 1%; - deixar agir por 10 minutos; - retirar com papel toalha ou pano velho. Desprezar; - limpar com água e sabão.